José Paulo Leite de Abreu

IHAC, IEAC-GO, UCP – Braga

Conferências

Bom Jesus Do Monte: Um Percurso Místico

A Espiritualidade Mariana Do Povo Português

Bartolomeu Dos Mártires: Ardere Et Lucere

 

Formação Académica, Instituições

– Curso de Teologia, no Instituto Superior de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, Braga (1982)

– Licenciatura em Direito Canónico, na Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, Roma (13 de Junho de 1985)

– Doutoramento em História da Igreja, na Pontifícia Universidade Gregoriana, Roma (4 de Novembro de 1997)

Atividades culturais e académicas

– Professor da Universidade Católica Portuguesa, na Faculdade de Teologia – Núcleo de Braga (1987 -)

– Membro do Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (1996 -)

– Membro do Conselho Científico da Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (1997 -)

– Diretor do Museu Pio XII, em Braga (2002 -)

– Membro da direção do Centro Cultural Sénior – Braga (2009-2011; 2013 -)

– Diretor do Museu / Tesouro da Sé (2011 -)

– Presidente do IHAC (Instituto de História e Arte Cristãs da Arquidiocese de Braga) (2011 -)

– Vice-Presidente do IEAC-GO (Instituto de Estudos Avançados em Catolicismo – Globalização)

Outras atividades

– Vigário Geral e Moderador da Cúria Arquidiocesana de Braga (2007 -)

– Presidente da Confraria de Nossa Senhora do Sameiro (2008 -)

– Juiz do Tribunal Eclesiástico da Arquidiocese de Braga (2008 -)

– Deão do Cabido da Sé Primacial de Braga (2011 -)

 

Resumos da Conferências

1 – BOM JESUS DO MONTE: UM PERCURSO MÍSTICO

Património da Humanidade, carregado de beleza natural, escolhido para celebrações religiosas festivas (batizados, casamentos, bodas de prata ou ouro matrimoniais), local apetecível para grandes eventos, marca indelével nos percursos turísticos, o Bom Jesus é tudo isso e muito mais. É também um espaço ecológico, de desporto, de natureza em estado belo e puro. É ainda um espaço sagrado, de piedade, de romagem, de peregrinação. E é um espaço para-litúrgico, onde a via-sacra, ou via-crucis se pode percorrer sem esforço, ao ritmo de capelas estrategicamente situadas, na cadência e sequência certas. Mas a abordagem que lhe queremos fazer aqui é outra: o Bom Jesus como um percurso místico. Foi concebido nessa lógica. Quer-nos nesse caminho que se conclui no desaparecimento do vácuo entre o humano e o divino. As distâncias terão de desaparecer. Os obstáculos terão de eclipsar-se. O mergulho da criatura no Criador terá de acontecer. Os místicos irão dar-nos uma ajuda, por exemplo, Tanquerey, com o seu Compêndio de Teologia Ascética e Mística. Tomaremos, então, esse Compêndio e, já agora, uma planta do Bom Jesus, para percebermos como o Compêndio se tornou régua e esquadro. O caminho ascético comporta três vias: a purgativa (temos de nos purificar das nossas impurezas, dos nossos pecados, das nossas profanidades); a iluminativa (que nos leva à purificação dos sentidos e ao crescimento nas virtudes); a unitiva (a fusão dá-se, qual corolário natural do caminho andado).  No Bom Jesus, a via purgativa transporta-nos do arco de entrada até ao pátio (espaço coberto de arvoredo, muitos degraus em ziguezague, convite à ascese, ao sacrifício, ao “ter que subir”…) . A via iluminativa leva-nos do pátio (onde mudamos de direção, ficando virados para a Basílica) ao Terreiro do Pelicano. Pelo meio, as fontes dos sentidos e das virtudes. A via unitiva, a última, começa na Fonte do Pelicano, adensa-se na Basílica e termina no Terreiro dos Evangelistas. Visitaremos a Basílica, com tanto para nos contar. Para além de um discurso passional, iremos percebê-lo, o Bom Jesus é também um discurso eucarístico: na primeira capela encontramos a Última Ceia; pelo meio do percurso haveremos de encontrar um cálice; terminaremos sentados à mesa, fazendo companhia a Jesus e aos, agora reconfortados, Discípulos de Emaús. E esse pão, garante quem o dá, é para a Vida eterna…

 

2 – A ESPIRITUALIDADE MARIANA DO POVO PORTUGUÊS

Abordaremos o tema da espiritualidade mariana do povo português, primeiro, a partir das festas litúrgicas cristãs. Desde há séculos que se celebram a Festa da Maternidade de Nossa Senhora, a da Assunção, a da Purificação, a da Anunciação, a da Natividade, a da Expectação ou Senhora do Ó, a da Imaculada Conceição… Num segundo momento, encararemos a espiritualidade mariana lusa a partir da devoção dos monarcas, começando no conde D. Henrique e D. Teresa, seguindo com D. Afonso Henriques, passando por D. Sancho I (legou à Igreja três infantas elevadas às honras dos altares), D. Afonso III (a conquista do Algarve leva a marca de Nossa Senhora), D. João I (vai a Guimarães agradecer à Senhora a vitória em Aljubarrota), D. João IV (a ele se deve a implementação, em Portugal, da Festa da Imaculada), D. Afonso VI (promotor do culto à Senhora da Piedade), D. João V (legou-nos o Convento de Mafra, dedicado à Virgem Maria…). Lembraremos ainda que muitas invocações marianas estão ligadas a momentos concretos da história lusitana: Nossa Senhora da Escada, dos Mártires, de Belém, da Vitória… Da devoção popular nascem muitos Santuários, que enobrecem territórios: Nossa Senhora de Lamego, do Viso, da Penha, da Franqueira, do Sameiro, de Fátima… Às vezes, é a contingência que pede socorro: Senhora dos Remédios, da Saúde, da Ajuda, do Alívio… A memória também evoca cenas bíblicas: Nossa Senhora do Rosário, da Visitação, da Apresentação, das Dores… A fé do povo e a devoção também se reconhece na dedicação a Nossa Senhora das Catedrais, das paróquias, dos Santuários, das Confrarias e Irmandades, dos Mosteiros e Conventos. Alguns dos maiores monumentos nacionais louvam a Mãe do Céu, sendo ainda verdade que não há em Portugal terra que não conheça edificações em honra de Nossa Senhora, de Norte a Sul, do litoral à serra, dos sítios ermos aos que reúnem multidões.

 

3 – BARTOLOMEU DOS MÁRTIRES: ARDERE ET LUCERE

Sintonizamos o título da comunicação com o lema do Arcebispo D. Frei Bartolomeu dos Mártires: Ardere et Lucere. Um lema que “[…] revela o homem resoluto a empreender, com o seu facho de dominicano, os novos caminhos que se abriam à sua missão apostólica: ser chama e ser luz, como Cristo dissera de João Baptista. Na segunda parte da divisa, tomada do preceito paulino: Nolite conformari huic seaculo, Bartolomeu revela o inconformismo com a situação social e eclesial em que se vê envolvido e a cuja correção vai consagrar, com toda a alma, a própria existência”. Descreveremos a vida do Prelado místico em torno a nove referências: Deus (sem Ele, nada na vida de Bartolomeu se percebe); Ciência (aquela que ele sempre buscou e cultivou e a que espalhou pelo ensino, pela palavra e pela escrita); Bispo (missão que lhe foi confiada –   a contragosto, mas que assumiu e instou os congéneres a assumir na radicalidade das exigências); Roma (a desanuviar de vícios, fossem eles alimentados pelo Papa ou pelos Cardeais); Povo (de quem quer ser verdadeiro pastor, a quem instrui, a quem visita, a quem catequiza, a quem socorre, também a quem corrige…); Pobreza (os pobres são constante preocupação e herdam tudo quanto ele possui e consegue arrecadar); Doença (nem as pestes o afugentam, antes lhe desafiam a caridade e a generosidade); Clero (sem a reforma deste, a reforma da Igreja fica comprometida. E sem bons pastores na Igreja, grandes perigos correm os rebanhos); Seminário (importa garantir a boa formação, intelectual, moral, humana, espiritual, pastoral dos servidores do reino, futuros responsáveis das comunidades cristãs que integram a Arquidiocese).  A ordem das referências evocadas poderia ser outra. Não importa. Importa é que haja luz, que tudo resplandeça, que as trevas se apaguem. Também sabemos que mais referências se poderiam encontrar. Mas as enunciadas serão já suficientes para ilustrarem a figura enorme, o grande dominicano e grande bispo, o portento da igreja universal, o reformador insigne, o santo pobre que continua a desafiar à santidade toda a Igreja, da qual fazem parte as dioceses de Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança-Miranda – essas mesmas que o místico pastoreou.

 

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