João Maria Carvalho

CFUL

Conferência

O toque de um «não sei quê»

João Maria Carvalho é mestrando e investigador no Centro de Filosofia da Universidade de Lisboa, dedicando-se ao pensamento de São João da Cruz. Concluiu o oitavo grau do Conservatório de Música na Academia de Música de Elvas, e a licenciatura em Línguas, Literaturas e Culturas, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde também lecionou, como monitor, a cadeira de Textos Fundamentais. Faz parte da Associação Casa Velha, que procura aprofundar a relação entre a Ecologia e a Espiritualidade

 

Resumo da Conferência

Interrogamos um verso de São João da Cruz – «un no sé qué que quedan balbuciendo» (Cântico Espiritual, estrofe sétima) – para tocar um «não sei quê». No Comentário que oferece ao seu próprio poema, São João da Cruz define este «não sei quê» como «o toque de uma suma notícia da Divindade». Esta definição frusta as nossas expectativas relativamente à expressão de um «não sei quê», tantas vezes acusada de certa natureza vaga, atmosférica e inconcreta. Como pode o contacto (corporal, sumamente concreto) ser a definição adequada para o inapreensível? De que modo pode uma teologia do toque definir um «não sei quê»? E, invertendo esta pergunta: de que modo pode um «não sei quê» constituir o centro nevrálgico de uma teologia (e, arriscamo-nos a dizê-lo, uma filosofia) do toque?

 

Abstract

We will look at a verse from St. John of the Cross – «un no sé qué que quedan balbuciendo» (Spiritual Canticle, 7) – trying to grasp a «no sé qué» («certain something»). Commenting his own poem, St. John of the Cross defines this «certain something» as «a touch of the knowledge of the Divinity». This definition deceives our expectations, since a «certain something» («un no sé qué») is frequently referred to as something vague, atmospheric and incorporeal. How can bodily contact be an adequate definition of the inapprehensible? How can a theology of touch define a «certain something» («un no sé qué»)? And how can a «certain something» constitute the core of a theology and (we would go as far as saying) a philosophy of touch?

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