CHAM/FCSH
Póster
A semiótica do céu na filosofia e na poesia – de Platão e Immanuel Kant a Sophia de Mello Breyner Andresen e Daniel Faria
The Semiotics of Heaven in Philosophy and Poetry – from Plato and Immanuel Kant to Sophia de Mello Breyner Andresen and Daniel Faria
Eduarda Gil Lopes Barata é investigadora no CHAM – Centro de Humanidades da Universidade NOVA de Lisboa. Fez licenciatura (2010) e mestrado (2013) em Línguas, Literaturas e Culturas na mesma instituição, nas variantes de Alemão-Inglês e Estudos Ibéricos e Ibero-Americanos. Trabalhou mais de dois anos no ramo editorial na área de ficção (agosto 2013 – novembro 2015). Do seu doutoramento em Estudos Literários Comparados, também na NOVA, resultou a tese “A retórica do poder em Dinossauro Excelentíssimo de José Cardoso Pires e El otoño del patriarca de Gabriel García Márquez” (julho 2020). Faz tradução, revisão e edição de texto. Em 2021 foi-lhe atribuído o Prémio Mário Quartin Graça 2021 pela Casa da América Latina, que premeia as melhores teses de doutoramento em Portugal e América Latina. É professora auxiliar convidada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa.
Resumo
Desde tempos ignotos que os seres humanos observam e contemplam o céu e os seus astros. Platão serve-se do céu para exemplificar o mundo superior das ideias, ao passo que Aristóteles se distancia do céu e privilegia a perspetiva humana e individual das representações miméticas. Lembre-se que o idealismo platónico foi central na cultura e no pensamento científico até ao século XVII. Immanuel Kant, nos séculos XVIII e XIX, o filósofo da crítica da razão, conclui que a reflexão é dirigida não só à compreensão do céu e do universo, como à própria substância moral que anima o espírito. Depois, no Romantismo, o céu torna-se mistério e infinitude. Porém, o céu adotara outra função, revestida de uma camada arquetípica comum em contextos culturais distintos: é a morada do divino, do sagrado, do místico e do mítico.
Este póster irá demonstrar como o céu e suas representações surgem em alguns momentos da cultura e arte europeias, culminando na arte poética de Sophia de Mello Breyner Andresen e Daniel Faria, dois autores portugueses do século XX, que sobejamente utilizaram o céu como elemento temático na sua obra.
Abstract
Since unknown times, humans have observed the heavens and the stars. Plato uses the sky (or heaven) to exemplify the higher world of ideas, while Aristotle distances himself from it by acknowledging the value of human and individual perspective on mimetic representations. In the 18th and 19th centuries, Immanuel Kant, the philosopher of the critique of reason, infers that human thought is directed not only to the understanding of heaven and the universe, but also to the very moral substance that animates the individual spirit. Then, in Romanticism, the sky becomes mystery and infinity. However, heaven had adopted another function, clothed in an archetypal layer that is common to many cultural contexts: heaven is the abode of the divine, the sacred, the mystical and the mythical.
For this poster, we will observe how heaven and its representations are depicted in some periods of European culture and art, ultimately using the poetic art of Sophia de Mello Breyner Andresen and Daniel Faria, two Portuguese authors of the 20th century, who widely used the heavens as a thematic element in their work.